quarta-feira, 27 de maio de 2009

UMA ESTÓRIA DE CARÍCIAS



Neste conto, Claude Steiner, com muita sabedoria e ternura, sintetiza muitas idéias sobre carícias.
Era uma vez, há muito tempo, um casal feliz, Antônio e Maria, com dois filhos chamados João e Lúcia. Para entender a felicidade deles, é preciso retroceder àquele tempo. Cada pessoa, quando nascia, ganhava um saquinho de carinhos. Sempre que uma pessoa punha a mão no saquinho podia tirar um Carinho Quente. Os Carinhos Quentes faziam as pessoas sentirem-se quentes e aconchegantes, cheias de carinho. As pessoas que não recebiam Carinhos Quentes expunham-se ao perigo de pegar uma doença nas costas, que as faziam murchar e morrer.
Era fácil receber Carinhos Quentes. Sempre que alguém os queria, bastava pedi-los. Colocando-se a mão no saquinho surgia um Carinho do tamanho da mão de uma criança. Ao vir à luz, o Carinho expandia-se e transformava-se num grande Carinho Quente que podia ser colocado no ombro, na cabeça, no colo da pessoa. Então, misturava-se com a pele a pessoa se sentia bem.
As pessoas viviam pedindo Carinhos Quentes umas às outras e nunca havia problemas para consegui-los, pois eram dados de graça. Por isso todos eram felizes e cheios de carinhos na maior parte do tempo.
Um dia, uma bruxa má ficou brava porque as pessoas sendo felizes, não compravam as poções e ungüentos que ela vendia. Por ser muito esperta, a bruxa inventou um plano muito malvado. Certa manhã, ela chegou perto de Antônio, enquanto Maria brincava com a filha, e cochichou em seu ouvido:
“Olha, Antônio, veja os carinhos que Maria está dando a Lúcia. Se ela continuar assim vai consumir todos os carinhos e não sobrará nenhum para você”.
Antônio ficou admirado e perguntou: “Quer dizer então que não é sempre que existe um Carinho Quente no saquinho?”
E a bruxa respondeu: “Eles podem acabar e você não os ganhará mais”. Dizendo isso a bruxa foi embora, montada na vassoura, gargalhando muito.
Antônio ficou preocupado e começou a repara cada vez que Maria dava um Carinho Quente para outra pessoa, pois temia perdê-los. Então começou a se queixar a Maria, de quem gostava muito, e também parou de dar carinhos aos outros, reservando-os somente para ela.
As crianças perceberam e passaram também a economizar carinhos, pois entenderam que era errado dá-los. Todos ficaram cada vez mais mesquinhos.
As pessoas do lugar começaram a sentir-se menos quentes e acarinhadas e algumas chegaram a morrer por falta de Carinhos Quentes. Cada vez mais gente ia à bruxa para adquirir ungüentos e poções. Mas a bruxa não queria realmente que as pessoas morressem, porque se isso ocorresse, deixariam de comprar as poções e ungüentos. Então, inventou um novo plano: todos ganhavam um saquinho muito parecido com aquele de Carinhos, porém era frio e continha Espinhos Frios. Os Espinhos Frios faziam as pessoas sentirem-se frias e espetadas, mas evitava que murchassem.
Daí pra frente, sempre que alguém dizia “eu quero um Carinho Quente”, aqueles que tinham medo de perder um suprimento respondiam: “Não posso dar-lhe um Carinho Quente, mas se você quiser, posso dar-lhe um Espinho Frio”.
A situação ficou muito complicada porque, desde a vinda da bruxa, havia cada vez menos Carinhos Quentes, e estes tornaram-se valiosíssimos. Isto fez com que as pessoas tentassem de tudo para conseguí-los.
Antes de a bruxa chegar, as pessoas costumavam se reunir em grupos de três, quatro, cinco sem se preocupar com quem estava dando carinho para quem. Depois que a bruxa apareceu, as pessoas começaram a juntar-se aos pares e a reservar todos seus Carinhos Quentes exclusivamente para o parceiro. Quando se esqueciam e davam um Carinho Quente para outra pessoa, logo se sentiam culpadas. As pessoas que não conseguiam encontrar pessoas generosas precisavam trabalhar muito para obter dinheiro para comprá-los.
Algumas pessoas tornavam-se simpáticas e recebiam muitos Carinhos Quentes sem ter que retribuí-los. Então, passavam a vendê-los aos que precisavam, deles para sobreviver. Outras pegavam os Espinhos Frios, que eram ilimitados e de graça, cobriam-nos com uma cobertura branquinha e estufada, fazendo-os passar por Carinhos Quentes. Eram, na verdade, carinhos falsos, de plástico, que causavam novas dificuldades. Por exemplo, duas pessoas juntavam-se e trocavam entre si, livremente,os seus Carinhos de Plásticos. Sentiam-se bem em alguns momentos, mas logo depois sentiam-se mal. Como pensavam que estavam trocando Carinhos Quentes, ficavam confusas.
A situação, portanto, ficou muito grava.
Não faz muito tempo uma mulher especial chegou ao lugar. Ela nunca tinha ouvido falar na bruxa e não se preocupava com o fim dos Carinhos Quentes. Ela os dava de graça, mesmo quando não eram pedidos. As pessoas do lugar desaprovavam sua atitude porque essa mulher dava às crianças a idéia de que não deviam se preocupar com o término dos Carinhos Quentes, e chamavam-na de Pessoa Especial.
As crianças gostavam muito da Pessoa Especial porque se sentiam bem em sua presença e passaram a dar Carinhos Quentes sempre que tinham vontade.
Os adultos ficaram muito preocupados e decidiram i,por uma lei para proteger as crianças do desperdício de seus Carinhos Quentes. A lei dizia que era um crime distribuir Carinhos Quentes sem uma licença. Muitas crianças, porém, continuavam a trocar carinhos Quentes sempre que tinham vontade ou quando alguém os pedia. Como existiam muitas crianças, parecia que elas prosseguiam seu caminho.
Ainda não sabemos dizer o que acontecerá. As forças da lei e da ordem dos aduntos forçarão as crianças a parar com sua imprudência? Os adultos se juntarão à Pessoa Especial e às crianças e entenderão que sempre haverá Carinhos Quentes, tantos quantos forem necessários? Lembrar-se-ão dos dias em que os Carinhos Quentes eram inesgotáveis porque eram distribuídos livremente?
Em qual dos lados você está?
O que você pensa disso?

domingo, 24 de maio de 2009

O Teatro Mágico

Creio que esses caras são artistas de vanguarda!
Vêem à frente de seu tempo...
Sabem usar a arte para fazer germinar em cada um de seus seguidores a semente de um novo tempo.
Imagino cada expectador que compreende sua visão influenciando outros tantos vida afora, criando um exército do bem, com força e determinação para construir um novo mundo.

sábado, 23 de maio de 2009

Arte e trabalho




Quero me tornar uma contadora de histórias...


" Com esses rústicos contadores de histórias, aprendi pela primeira vez os contos a que as pessoas recorrem quando a vida pode se tornar morte e a morte pode se tornar vida a qualquer instante..."

" A energia para contar histórias vem daquelas que se foram. Contar ou ouvir histórias deriva sua energia de uma altíssima coluna de seres humanos interligados através do tempo e do espaço, sofisticadamente trajados com farrapos, mantos ou com a nudez da sua época, e repletos a ponto de transbordarem de vida ainda sendo vivida. Se existe uma única fonte de histórias e um único espírito das histórias, ela está nessa longa corrente de seres humanos."






terça-feira, 19 de maio de 2009

Trecho do livro : Mulheres que correm com os Lobos




"Na história de La Loba, a velha no deserto é uma recolhedora de ossos.


Na simbologia arquetípica, os ossos representam a força indestrutível.


Eles não se prestam a uma fácil redução.


Por sua estrutura, é difícil queimá-los e praticamente impossível pulverizá-los.


Nos mitos e nas histórias, eles representam alma / espírito indestrutível.


A alma / espírito pode ser ferida, e até mesmo mutilada, mas é quase impossível eliminá-la.


La Loba é a guardiã da alma.


Sem ela, perdemos nossa forma; os seres humanos ficam desalmados, ou sua alma fica perdida.


As pessoas fazem meditação para conseguirem um equilíbrio psíquico.


É por isso que se faz psicoterapia e análise.



É para isso que os seres humanos analisam seus sonhos e criam arte.



É por isso que muitos consultam o tarô, o I Ching, dançam, batucam, fazem teatro, arrancam poemas das entranhas e criam a oração iluminada.




TRATA-SE DE REUNIR TODOS OS OSSOS.




Algumas perguntas:


O que aconteceu com a voz da minha alma?




Quais são os ossos enterrados na minha vida?




Em que condições está meu relacionamento com o Self instintivo?




Quando foi a última vez que corri livremente?




Como posso fazer com que a vida volte a ter vida?




Para onde foi La Loba?




À medida que derramamos a alma, somos revitalizadas.




Não somos mais uma solução fraca, algo de frágil, que se dissolve.




Não!




Estamos no estágio da transformação em que estamos


"nos tornando".



Nós quase sempre começamos num deserto.


Temos uma sensação de perda de direitos, de alienação...


O deserto é um lugar em que a vida se apresenta muito condensada.


As raízes das plantas se agarram à última gota de água, e as flores armazenam umidade abrindo apenas de manhã cedo e ao final da tarde.


A vida que acontece no deserto é pequena porém brilhante, e quase tudo que acontece tem lugar no subsolo.


Semelhante à vida de muitas mulheres.


Ele é muito intenso e misterioso nas suas formas de vida.


Muitas de nós vivem vidas desérticas: ínfimas na superfície e imensas por baixo.


Algumas mulheres não querem estar no deserto psíquico.


Elas detestam a fragilidade e a escassez.


Não seja tola.


Volte, pare debaixo daquela única flor vermelha e siga em frente percorrendo aquele último e árduo quilômetro.


Aproxime-se e bata à porta castigada pelas intempéries .


Suba até a caverna.


Atravesse engatinhando a janela de um sonho.


Peneire o deserto e veja o que encontra.


Essa é a única tarefa que temos de cumprir.




Vá recolher os ossos".

segunda-feira, 18 de maio de 2009


“ Modele sua vida pelo bambu gigante.


O exterior, embora liso e agradável ao contato, é duro e resistente à espada.


Por dentro, é macio , flexível, com muito espaço vazio para o contínuo crescimento.


Sozinho sobe alto e reto, sempre se projetando para o céu.


Lá em cima, espalha sua beleza ao sol.


Não se apóia em nada.


Cria seu próprio caminho, talvez próximo de outros, uma parte de outros, mas dependente basicamente de sua própria força e vigor.



Faça com que sua vida seja assim.”



Leo Buscaglia – O caminho do Touro

domingo, 17 de maio de 2009


Não gaste o seu tempo precioso a indagar:


“Por que o mundo não é um lugar melhor?”


A questão a formular é:


“Como posso torná-lo melhor?



Para essa pergunta, há uma resposta.



Léo Buscaglia - O Caminho do Touro

sexta-feira, 8 de maio de 2009


Desgrude-se do apego

Um dos caminhos para se ter paz de esírito e coração leve é abrir mão do desejo de conservar as coisas, as pessoas, as situações indefinidamente.

Precisamos aprender a nos libertar das artimanhas do apego - isso nos fará bem e para todos a nossa volta.

Somos crianças construindo um castelo de areia.

A sabedoria está em desfrutar dele sem se apegar e, quando chegar uma onda, deixar que ele se dissolva no mar...


O AMOR MORA NA CABEÇA

A ALEGRIA NA GARGANTA

A COMPAIXÃO NO PEITO,

ENSINA UMA MEDITAÇÃO MILENAR.

“ Estou completamente convencido de que, se todos nós não fizermos um esforço concentrado, com uma noção de responsabilidade, veremos a derrocada gradual dos frágeis ecossistemas que nos sustentam, resultando numa degradação irresistível e irrevogável do nosso planeta, a Terra.”



O Dalai Lama

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Trecho do livro : Mulheres que correm com os Lobos


Quais os sintomas associados aos sentimentos de um relacionamento interrompido com a força selvagem da psique?

Usando-se exclusivamente a linguagem das mulheres , trata-se de sensações de extraordinária aridez, fadiga, fragilidade, depressão, confusão, de estar amordaçada, calada à força, sem inspiração, sem expressão, sem significado...

Sentir-se impotente, insegura, hesitante, bloqueada, incapaz de realizações, entregando a própria criatividade para os outros, escolhendo parceiros, empregos ou amizades que lhe esgotam a energia, sofrendo por viver em desacordo com os próprios ciclos, superprotetora de si mesmo, inerte, inconstante, vacilante, incapaz de regular a própria marcha, ou de fixar limites.

Preocupar-se em demasia com a opinião alheia, afastar-se do seu Deus, deixar-se envolver demasiadamente na domesticidade, no intelectualismo, ou no trabalho ou na inércia, porque é esse o lugar mais seguro para quem perdeu os próprios instintos.

Recear aventurar-se ou revelar-se...

Temer procurar um mentor...

Recear gostar de alguém...

Ter medo de revidar, quando não resta outra coisa a fazer...

Ter medo de parar, de agir, contar até três repetidas vezes sem conseguir começar...


Uma mulher saudável assemelha-se muito a um lobo; robusta, plena, com grande força vital, que dá vida, que tem consciência do seu território, engenhosa, leal, que gosta de perambular.

Não fomos feitas para seguir franzinas, de cabelos frágeis, incapazes de saltar, de perseguir, de parir, de criar uma nova vida.
Quando a vida é tédio...está na hora de a mulher selvática aflorar.
A função criadora da psique irá fertilizar a aridez!


Tendo a mulher selvagem como aliada, como líder, como modelo, mestra, passamos a ver, não com dois olhos, mas com a intuição, que dispõe de muitos olhos.

Quando afirmamos a intuição, somos, portanto, como a noite estrelada: fitamos o mundo com milhares de olhos.


A mulher selvagem carrega consigo os elementos para a cura.

Ela é tanto o veículo quanto o destino.

Ela implica delimitar território, encontrar nossa matilha, ocupar nosso corpo com segurança, e orgulho independentemente dos dons e das limitações desse corpo, falar e agir em defesa própria, estar consciente, alerta, recorrer aos poderes da intuição e do pressentimento inatos às mulheres, adequar-se aos próprios ciclos, descobrir aquilo a que pertencemos, despertar com dignidade e manter o máximo de consciência possível.


O arquétipo da mulher selvagem, bem como tudo o que está por trás dele, é o benfeitor de todas as pintoras, escritoras, escultoras, dançarinas, pensadoras, rezadeiras, de todas as que procuram e as que encontram, pois elas todas se dedicam a inventar, e essa é a principal ocupação da Mulher Selvagem.







COMO TODA ARTE,


ELA É VISCERAL,


NÃO CEREBRAL.



Ela sabe sentir, disfarçar e amar profundamente.



MULHER SELVAGEM
É A ALMA FEMININA



Ela é tudo o que for instintivo, tanto do mundo visível, quanto do mundo oculto.



Ela é a base.


segunda-feira, 4 de maio de 2009






“Os lobos saudáveis e as mulheres saudáveis têm certas características psíquicas em comum : percepção aguçada, espírito brincalhão e uma elevada capacidade para a devoção. Os lobos e as mulheres são gregários por natureza, curiosos, dotados de grande resistência e força. São profundamente intuitivos, e têm uma grande preocupação para com seus filhotes, seu parceiro e sua matilha. Têm experiência em se adaptar a circunstâncias em constante mutação.

Mulher selvagem

Para algumas mulheres, essa revitalizante “prova de natureza,” ocorre durante a gravidez, durante a amamentação, durante o milagre que das mudanças que surgem à medida que se educa um filho, durante os cuidados que dispensamos a um jardim querido.


Ela também chega até nós através dos sons; da música que faz vibrar o esterno e que anima o coração.Ela chega com o tambor, o assobio, o chamado e o grito. Ela vem com a palavra escrita e falada. Às vezes com uma palavra, com uma frase, um poema ou uma história soa tão bem, soa tão perfeito que faz com que nos lembremos, pelo menos por um instante, da substância da qual somos feitas e do lugar que é o nosso verdadeiro lar.


Ela brota quando percebemos que dedicamos pouquíssimo tempo à fogueira mística ou ao desejo de sonhar, um tempo ínfimo à nossa própiria vida criativa, ao trabalho da nossa vida ou aos nossos verdadeiros amores.

Contudo, são esses vislumbres fulgazes, originados tanto da beleza quanto da perda, que nos deixam desoladas, tão agitadas, tão ansiosas que acabamos por seguir nossa natureza selvagem. É então que saltamos floresta adentro, em meio ao deserto, ou à neve, e corremos muito, com os nossos olhos varrendo o solo, nossos ouvidos em fina sintonia, procurando em cima e embaixo, em busca de uma pista, um resquício, um sinal de que ela ainda está viva, de que não perdemos nossa oportunidade. E, quando farejamos seu rastro, é natural que corramos muito para alcançá-la, que nos livremos da mesa de trabalho, dos relacionamentos, que esvaziemos nossa mente, viremos uma nova página, insistamos numa ruptura, desobedeça,os as regras, paremos o mundo, porque não vamos mais seguir sem ela.

Uma vez que as mulheres a tenham perdido e a tenham recuperado, elas lutarão com garra para mantê-la, pois com ela suas vidas criativas florescem: seus relacionamentos adquirem significado, profundidade e saúde; seus ciclos de sexualidade, criatividade, trabalho e diversão são restabelecidos; elas deixam de ser alvos para as atividades predatórias dos outros; segundo as leis da natureza, elas têm igual direito a crescer e viscejar. Agora, seu cansaço do final do dia tem como origem o trabalho e esforços satisfatórios, não o fato de viverem enclausuradas num relacionamento, num emprego ou num estado de espírito pequenos demais. Elas sabem instintivamente quando as coisas devem morrer e quando devem viver; elas sabem como ir embora e como ficar.

Essas palavras, mulher e selvagem, fazem com que as mulheres se lembrem de quem são e do que representam. "